segunda-feira, 10 de março de 2025

O tesouro do coração

É segunda poética.Eu continuarei com a obra "Maria Dolores",de autora homônima,psicografia Chico Xavier.Hoje uma fabula em versos em que uma fortuna fala com um ladrão


A LIÇÃO DO DINHEIRO

Ele era salteador pela primeira vez.

O cofre agora aberto estava á mão.

E, lá dentro, ele viu, ante a casa vazia,

Um pacote mostrando que trazia

A soma respeitável de um milhão.


Dispunha-se a empalmar toda a quantia...

Quando o dinheiro lhe falou

Em forma de conselhos e queixumes:


- Pensa, amigo,

 Na obrigação que assumes,

Ao levar-me daqui, nas condições de um louco,

Já que podes buscar-me em compromisso

Entre a força da fé e a bênção do serviço

Retirando-me em paz, lidando pouco a pouco,

Não quero ser motivo

Para que sejas preso como eu vivo.

Fui criado por Deus para fazer o bem,

Não desejo aumentar as lutas de ninguém

Quero sair daqui para ser agasalho

Aos que gemem sem teto e sem trabalho.

Anseio consolar as mães que padecem na estrada,

De alma aflita e cansada,

Ante a dor dos filhinhos

A esmolarem socorro em remotos caminhos;

Espero ser o apoio do homem triste

Que de tanto sofrer necessidade,

Já não sabe se resiste

À tentação da morte que o invade.

Sonho doar auxílio ao doente sem nome 

A fim de que suporte

Ao duro sofrimento que o consome

Livrando-se, por fim, das lâminas da morte,

Quero sair daqui para que alguém me aceite

De modo a ser o amigo sorridente,

Que ofereça uma xícara de leite

À criança doente.

Quero ser cobertor para quem sente frio,

Prato que nutra, força que refaça,

Algo que plante amor no coração vazio,

Instrumento do bem que ajuda, serve e passa.

Mas ouve, amigo meu, não me faças razão

De largar este cofre e levar-te à prisão.

Trabalha e vem buscar-me

Sem calúnia, sem crime, sem alarme,

Quero ser luz e ação em tudo o que progrida

E seiva a circular nas árvores da vida 

Vê onde a sovinice me prendeu,

Não te desejo o cárcere em que moro

Na prova rude que me aconteceu.

Quero ser livre e forte, assim como és,

Caminhar com teus pés

Aspiro a ser-te amigo e companheiro...

Calara-se o Dinheiro

E o pobre salteador inexperiente,

Recuando, atingiu grande portão à frente.


Nisso, o dono da casa, envolto em grande escolta,

Veio à mansão de volta;

Vendo o lar violentado e o cofre aberto

Com o dinheiro intocado,

Saudou o salteador que via perto

E acreditando nele a presença de alguém

Que lhe guardara a casa para o bem,

Agradeceu-lhe o gesto

De homem leal e honesto...


Sustentando o silêncio e a tristeza no olhar,

O pobre sem vintém começou a chorar...


Ali mesmo, porém, começou vida nova,

Transformado por dentro, alterou-se lhe a prova;

Passando a servidor da mansão que arrombara,

Agia com firmeza, nobre e rara...

Trabalhou a formar, de tostão a tostão,

Os bens com que sabia socorrer

Quem achasse a sofrer...

E quando auxiliava aos semelhantes

Em provações alucinantes

Nos quais dizia ver os próprios irmãos seus,

Rememorava a fala do milhão

E clamava, em voz alta, ao lembra-lhe a lição:

-Obrigado, meu Deus!...



Temos profundamente enraizado na sociedade que o dinheiro é um grande mal,ate sujo.Mas,se trata de mera ferramenta

O uso que damos ao dinheiro pode ser benéfico a humanidade ou uma extensão da ilusão dos sentidos aos deveres que temos no mundo


Não suje sua alma com mal uso e com apoderamento indevido,seja através do roubo ou exploração do próximo


Não empregue o que tem desejando pelo poder do mundo ou comprar o celeste com suas migalhas

É preferível usar desta força na criação de trabalho nobre ao inves de esmola desmerecedora

Não acumule sem limites e sem uso enquanto tantos nada tem.Se não existe pecado em ter,é um problema acumular o que esta além da necessidade(isso já é estudo de economia)

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